O facto do termo currículo ser usado em muitas situações no nosso quotidiano faz com nem sempre nos detenhamos a pensar sobre o que de facto ele significa e o que procura veicular. Conta-nos a história que à medida que as sociedades se vão desenvolvendo também vão surgindo novas abordagens a este conceito, as quais de certa forma ajudam a olhar para o currículo com um olhar mais detalhado. Assim, o currículo é, também, determinado pelo contexto. Assim, apesar de haver alguma flexibilidade, os diversos governos, no nosso caso, definem as ideias basilares que pretendem veicular perante as transformações que consideram importantes acontecerem. Em muitas situações os currículos ainda são vistos nos nossos dias numa perspectiva administrativa e industrial, bem ao jeito de Bobbitt (Tadeu da Silva, 2000).
Assim, apesar de ser um termo muito usado pelos professores é difícil descrever o que se entende por currículo já que este é um termo polissémico, que veicula uma noção sujeita à ambiguidade e diversidade de sentidos, os quais têm por base diversas abordagens teóricas desde que em 1918 apareceu como título do livro de Bobbitt - The curriculum.
Como lembra LLAVADOR (1994, p.370), “a palavra currículo engana-nos porque nos faz pensar numa só coisa, quando se trata de muitas simultaneamente e todas elas inter-relacionadas”. RIBEIRO (1993, p.11) refere que o termo currículo apresenta uma diversidade de definições e de conceitos em função das perspectivas que se adoptem, o que vem a traduzir-se em alguma imprecisão acerca da sua natureza e âmbito. As teorias que procuram explicar o significado de currículo distinguem-se pelo enfoque que dão a diversos elementos, como sejam: a natureza humana, a natureza da aprendizagem ou a natureza do conhecimento, da cultura e da sociedade.
O currículo procura, em parte, responder às questões: o quê? O que as crianças/jovens devem ser? Ao longo dos tempos as teorias têm procurado justificar porque é que esses conhecimentos e saberes devem ser seleccionados e não outros. Nesta perspectiva, pode-se considerar o currículo como o resultado de uma selecção de conhecimentos e saberes que se espera fazer aprender na escola de acordo com o que se julga relevante e necessário na sociedade num dado tempo e contexto. Assim, currículo relaciona-se com o tipo de educação que se deseja para os alunos de um determinado país, região, município ou escola, tendo como ideal um determinado tipo de pessoa para essa sociedade. Porém, no nosso dia a dia de professores quando pensamos em currículo limitamo-nos frequentemente a pensar apenas em termos de conhecimentos e saberes, esquecendo-nos que esses conhecimentos estão ligados ao que nós somos, tendo-se tornado a nossa identidade. Por isso Tadeu da Silva (2000) diz que o currículo é também uma questão de identidade. Estes aspectos conferem ao currículo “dimensões” relacionadas com o saber, a identidade e o poder, as quais se encontram interligadas.
Podemos assim olhar para este conceito segundo vários enfoques, como por exemplo: aspectos pedagógicos relacionados com o ensino / aprendizagem, aspectos ligados a questões ideológicas e de poder. Como nos diz Tadeu da Silva (2000, capa) “Currículo é lugar, espaço, território … é relação de poder…percurso…nossa identidade”.
Aplicação do currículo:
Gostaria de assinalar ainda que muitos professores demonstram preocupação em adequar o currículo nacional estabelecido pelo Ministério da Educação ao seu grupo de alunos. Este aspecto é muito relevante quando nas nossas salas de aulas existem crianças/jovens com características muito especificas, ou com necessidades particulares. Nestas situações torna-se, por vezes, imperioso que o façamos. Julgo ser importante ter sempre em atenção as características e necessidades especificas do grupo de alunos com quem trabalhamos e conhecer os seus interesses para os motivarmos para a aprendizagem de aspectos significativos para o seu desenvolvimento e funcionamento numa comunidade.
Em síntese, na verdade não há uma definição precisa do que se entende por currículo. Existem diversas perspectivas teóricas que nos dão alguns olhares sobre um mesmo aspecto, mas analisado de pontos de vista diferentes, os quais vão tendo contributos de diversos ramos do saber. Qual será então a nossa perspectiva de currículo, em que tipo de perspectiva em que nos enquadramos ou nos identificamos mais?
Para concluir esta reflexão gostaria de partilhar o mapa conceptual construído sobre o conceito de currículo, o qual procura salientar essencialmente duas perspectivas teóricas da análise do currículo: a tradicional e a crítica.
Para uma análise um pouco mais pormenorizada deste conceito pode consultar o sitio:
Mas, será que o seu conceito de currículo coincide com o aqui expresso ou tem outra visão? Diga-nos a sua opinião, contribua para esta análise.
Bibliografia:
LLAVADOR, F. Beltrán (1994). Las determinaciones y el cambio del currículo. Apud Angulo, José Félix e Blanco, Nieves Coords) (1994). Teoría y desarrollo del currículo (pp. 369-383). Málaga: Ediciones Aljibe.
RIBEIRO, A. Carrilho (1993). Desenvolvimento Curricular. Lisboa: Texto Editora, 4-ª ed.
TADEU da SILVA, T. (2000). Teorias do Currículo – Uma introdução crítica. Colecção Currículo. Políticas e Práticas. 2 Porto Editora.
curriculo é para quem?
ResponderEliminarEu gostaria de saber ;currículo é para quem?
ResponderEliminarcirlene