domingo, 23 de novembro de 2008

Contributo das TIC na aprendizagem

Um dos contributos positivos que as TIC podem dar ao processo de ensino e de aprendizagem liga-se com o seu uso numa perspectiva construtivista da aprendizagem. Jonassen (2000) refere que as TIC podem ajudar os alunos na aprendizagem e fazerem apelo à sua participação activa nesse processo. Mas se as práticas educativas dos professores continuarem inalteráveis, o uso das TIC terá poucos resultados na aprendizagem dos alunos.
Tecendo alguns comentários à situação nacional, apesar da existência do PTE persistem dificuldades na integração das TIC no processo de ensino e de aprendizagem, nomeadamente no que se refere ao facto de muitos docentes apresentarem falta de proficiência no uso das TIC e da não existência de recursos em quantidade suficiente nas escolas. Estes aspectos são relevantes na medida em que, segundo Miranda (2007), para se verificarem resultados positivos nas aprendizagens dos alunos é necessário capacitar os docentes para efectivamente integrarem as TIC no acto de ensinar e promoverem aprendizagens com a sua utilização explorando as possibilidades das TIC.
É fundamental usar as TIC com os alunos de forma integrada em diversas situações como seja para aceder a informação e para a apresentar, para auxiliar os alunos a construírem conhecimentos significativos, desenvolver projectos, etc. Dominando as TIC os professores podem ajudar os alunos a explorar as potencialidades desses artefactos na construção do seu saber e no desenvolvimento de competências, e assim, progressivamente alterarem a forma de aprenderem.
Para Miranda (2007) é importante considerar que a aprendizagem é o processo re(construtivo), cumulativo, orientado para determinados objectos, situada e colaborativa. Estes aspectos devem ser considerados aquando a integração das TIC na prática educativa, bem como a qualidade da formação técnica e pedagógica dos professores e respectivo empenhamento. Desta forma os resultados da aprendizagem dos alunos podem ser mais positivos.
Portanto, são vários os factores que interferem neste processo: factores individuais (atitudes, por exemplo), factores contextuais (recursos existentes por exemplo) e factores relacionados com a formação, sendo que é necessário ter professores competentes na utilização das TIC no ensino para que efectivamente a sua integração na educação tenha reflexos positivos nas aprendizagens dos alunos (Peralta e Costa, 2007).
Quando se fala em formação de docentes considera-se a formação inicial e a contínua. A formação inicial desempenha, na nossa opinião um papel importante dado que é essencial capacitar, desde logo, os futuros docentes, nos diversos níveis de ensino, para a utilização das TIC na prática pedagógica.


Bibliografia


  • Miranda, G. L. (2007). Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo. Revista de Ciências da Educação. 03, pp.41-50.

  • Peralta, H. e Costa, A. F. (2007). Competências dos professores no uso das TIC. Sísifo. Revista de Ciências da Educação. 03.

  • Jonassen, D. H. (2000). Computadores, Ferramentas Cognitivas – Desenvolver o pensamento crítico nas escolas. Colecção Ciências da Educação 23. Século XXI. Porto Editora.

domingo, 16 de novembro de 2008

Formas de comunicação e colaboração on-line - Implicações na educação

Embora tradicionalmente a utilização de TIC enquanto ferramentas de aprendizagem se baseasse em métodos individuais de ensino, a interacção social é reconhecida como fundamental para o processo de aprendizagem, pelo que faz todo o sentido usar estes recursos na educação, nomeadamente nos níveis de ensino mais avançados. Este parece ser um poderoso meio para apoiar a colaboração e a negociação social.
Como nos diz Carr (2000, p. 262) usando tecnologia em rede (especialmente a assíncrona) pode proporcionar-se aos alunos oportunidades para estes “desenvolverem as suas competências sociais, de leitura, de escrita, de comunicação e de colaboração”. Criam-se assim, oportunidades que podem facilitar a aprendizagem construtiva e social, já que se apoia a reflexão sobre o que conhecem, podendo na interacção com os outros alterar o seu ponto de vista e os respectivos conhecimentos. Por exemplo, participando em discussões on-line, os alunos são expostos a maior diversidade de opiniões e de perspectivas, o que permite alargar os seus conhecimentos. O facto de ser dado feedback proporciona mais possibilidades destes refinarem as aprendizagens e reflectirem sobre as mesmas.
Assim, os ambientes educativos que estimulam a utilização de comunidades de aprendizagem onde se partilham projectos e objectivos comuns e se colabora para a sua concretização podem constituir-se como ferramentas socio-cognitivas, o que pode ser uma vantagem para a educação.
A utilização destas tecnologias pode ser útil também para o crescimento profissional dos docentes. Os espaços de troca de ideias, partilha de recursos e de dúvidas, por exemplo podem ajudar-nos a aprender a ser melhores profissionais, a colaborar com colegas conhecidos e desconhecidos, etc. Esta partilha pode criar mais oportunidades para melhorar os contextos de aprendizagem, dado o envolvimento dos professores em comunidades de prática, onde existem imensos recursos que podem ajudar a criar oportunidades para que os alunos compreendam mais facilmente certos conteúdos e desenvolvam as suas competências cognitivas e sociais.
Conclui-se, que estes aspectos têm obviamente implicações na forma como organizamos os ambientes de aprendizagem para os nossos alunos. Como diz Carr (2000, p.291) sobretudo a comunicação assíncrona está a mudar a “face da educação”. Estas mudanças revelam a necessidade que o ser humano sente em encontrar novas formas de interagir com o outro, independentemente do lugar onde este se encontre qualquer momento. Porém, para alguns autores o elearning conforme se conhece hoje mantém-se um novo campo. Existem algumas comunidades formadas, mas a maioria não é muito activa, parece que há ainda muito a aprender neste domínio.
O elearning construiu-se a partir de duas disciplinas a educação e a tecnologia, disciplinas por vezes com visões diferentes, pelo que para crescer precisa de mais debate e discussão. As comunidades são áreas onde estas preocupações basilares podem ser discutidas.
Considerando ainda que no processo educativo a necessidade de estender as interacções humanas tem de ser respondida, a utilização de tecnologias que permitem comunicar e colaborar, ainda que on-line, pode constituir um contributo positivo para a educação dos nossos alunos.
De facto, parecem ser imensas as vantagens apresentadas pelo uso desta forma de comunicação e de colaboração. No entanto, como acontece com muitas das ferramentas que o Homem inventa, é preciso saber fazer um bom uso das mesmas e alertar, sobretudo os nossos jovens para o perigo que elas podem apresentar, se não houver algumas precauções. A sua utilização não deve conduzir-nos para um mundo apenas virtual, mas ser usada primordialmente para:

  • melhorar a qualidade de vida
  • ajudar a aprender mais sobre o universo em geral, alargando os horizontes e conhecimentos
  • facilitar o processo de comunicação e de interacção com pessoas interessantes, mesmo que sejam desconhecidas ou estejam fisicamente distantes.

Quando as tecnologias ajudam a ter uma vida mais cómoda e exigem menos esforço na realização das nossas actividades quotidianas, são sempre bem vindas e serão, certamente, usadas por um número cada vez maior de pessoas. Elas podem contribuir para que a necessidade de comunicar e de interagir socialmente se concretize de uma forma mais rápida e fácil, bem como para satisfazer parte da nossa curiosidade pelo conhecimento.
Ao terminar gostaria de referir que considero importante ajudar os alunos a entender como é que as tecnologias que utilizam nas situações do dia a dia podem ser usadas de forma positiva nos contextos educativos e, ainda que aprendam a pensar sobre as vantagens e desvantagens do seu uso, bem como dos perigos que algumas delas podem constituir.

E qual é a sua opinião sobre este assunto?

As TIC na Educação

Para Miranda (2007) Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são “tecnologia computacional ou informática com tecnologia das telecomunicações” (p.43), sendo que nos nossos dias a Word Wide Web (WWW) ocupa um papel muito relevante neste domínio.
A utilização destas tecnologias na educação deve ter como finalidade auxiliar / contribuir para a melhoria das aprendizagens dos alunos, muitos dos quais recorrem actualmente ao uso de diversos artefactos tecnológicos no seu dia a dia, nomeadamente para comunicarem com os seus amigos e para se divertirem. Alguns investigadores consideram estarmos presentes a mudança de uma civilização de “Homo sapiens” para a de “Homo digitalis”. Por conseguinte, a escola terá (mais cedo ou mais tarde) de acompanhar esta alteração da sociedade.
No sentido de: i) aproveitar ao máximo as potencialidades destes artefactos tecnológicos e ii) ajudar os alunos a desenvolver competências que lhes permita serem tecnologicamente letrados é útil olhar para a utilização das TIC na educação de uma forma critica. Estas competências podem ser desenvolvidas desde cedo, iniciando-se logo na educação pré-escolar. São várias as experiências nacionais relatadas na literatura neste nível de educação, como sejam: “O etwinning no jardim-de-infância de Vila Nova da Baronia”
[1] e “Interacções entre díades face ao computador[2]”.

Quanto à sua integração no ensino básico Miranda (2007, p.44) refere que a integração das TIC no currículo implica questionarmos quais são os conhecimentos e competências que os alunos deveriam adquirir na escola ao longo da escolaridade e como é que essas competências devem ser organizadas e sequencializadas, bem como se essas competências devem ser inseridas nas disciplinas que fazem parte do currículo ou se é necessário criar outras especificas. Será útil pensar ainda se estas opções são antagónicas ou podem ser usadas em simultâneo.
A integração das TIC na educação pressupõe, portanto mudanças na instituição escolar, nomeadamente com o apregoado choque tecnológico, consubstanciado na educação no “Plano Tecnológico para a Educação”. Como projectamos então a escola daqui a 10 anos?

Como poderá ser a escola daqui a 10 anos?
Acredita-se que as TIC irão fazer parte das ferramentas que os professores e alunos utilizarão no futuro nos contextos educativos. Essa utilização irá aumentando progressivamente, mas para que tal aconteça os professores devem ter formação adequada de modo a serem capazes de utilizar as TIC em práticas inovadoras e apelativas, colocando-as ao serviço do processo de ensino e aprendizagem.
Desta forma as TIC permitirá aos alunos construírem conhecimentos e desenvolverem competências. O papel dos professores passará também por fornecer aos alunos as coordenadas para uma navegação eficiente, num oceano imenso, no qual por vezes se sentem à deriva.

Pensando nos alunos com características mais particulares (os alunos com Necessidades Educativas Especiais) julgo pertinente pensar se a utilização progressiva das TIC nos ambientes escolares poderá contribuir para a efectivação de uma Escola Para Todos. Será que ao imaginarmos um cenário possível para os próximos 10 anos pensamos na possibilidade de todas as crianças poderem vir a ter condições para utilizar as tecnologias adequadas às suas necessidades e interesses e que possibilitem o seu acesso à aprendizagem e participação nas actividades escolares e da vida diária?

Espera-se que o sistema educativo no seu plano tecnológico assegure os direitos de todas as crianças a uma educação de qualidade, ajudando-as a serem cidadãos de pleno direito.

Uma das dimensão a considerar para concretizar este objectivo diz respeito à formação dos professores, seja ela contínua ou inicial. Esperamos que daqui a 10 anos a maioria dos profissionais possua competências necessárias para ajudar os seus alunos a usufruir das potencialidades que as tecnologias apresentam em termos educativos.
No domínio da educação de alunos com NEE a especificidade sobre o uso de tecnologias acentua-se, pelo que esperemos que as actuais lacunas possam estar ultrapassadas, na maioria das situações.

Bibliografia


  • Miranda, G. L. (2007). Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 03, pp.41-50.

[1] CEI, Cadernos Educação de Infância, n.º8 Maio / Agosto 2007
[2] CEI Cadernos Educação de Infância, n.º3 Jan / Abril 2006

domingo, 9 de novembro de 2008

Mapas Conceptuais

Os mapas conceptuais, ou “redes semânticas” como lhe chama Jonassen, pretendem representar estruturas do conhecimento humano, constituindo representações gráficas de conceitos e as suas inter-relações no espaço. Segundo este autor as redes semânticas são diagramas “constituídos por nós, que representam conceitos, e por linhas rotuladas, que representam as relações entre eles” (2000, pág. 73). As relações entre os conceitos estão ligadas por palavras.
Os mapas conceptuais foram criados por Joseph Novak, sendo apresentados pelo autor como uma “estratégia, método e recurso esquemático” (Magalhães e Del Rio, 2008, pág. 215) e decorrem da teoria da aprendizagem de David Ausubel.
Trabalhar com estas redes implica a: i) identificação de conceitos importantes, ii) arrumação no espaço, iii) identificação das suas relações e iv) indicação da natureza dessas relações semânticas entre os conceitos.
Esta tarefa pode ser efectuada à mão ou desenhada recorrendo a programas específicos, como por exemplo CmapsTools, Nestor, Mindoma, Mapul, etc. os quais permitem uma produção mais rápida e fácil de redes semânticas (após a familiarização com o programa).
Segundo vários autores, estes programas são considerados ferramentas cognitivas porque activam o pensamento crítico do aluno, exigem a organização de ideias relacionadas com o conteúdo em estudo e ampliam, aumentam e melhoram a cognição de quem os realiza. Por conseguinte, a sua construção contribui para aumentar a quantidade de conhecimentos sobre determinado conteúdo e facilitam a aprendizagem significativa.
Jonassen (2000, pág. 74) faz o seu mapa de conceitos sobre o que considera ser “redes semânticas”, o qual se apresenta na figura 1.


Para Magalhães e Del Rio (2008) a construção destas redes semânticas auxiliam a ordenação e “a sequência hierarquizada dos conteúdos de ensino, de forma a fornecer estímulos adequados ao aluno” (pág. 214).
O trabalho com redes semântica obriga de alguma maneira os alunos a “analisarem a estrutura subjacente às ideias que estão a estudar” (Jonassen, 2000, pág.74), envolvendo-os numa análise dos seus conhecimentos. As redes semânticas representam o conhecimento estrutural, relacionando o conhecimento declarativo com o procedimental, proporcionam, assim “as bases conceptuais para saber porquê” (ibidem, 76).
O trabalho com esta ferramenta auxilia os alunos a projectarem a sua própria estrutura cognitiva, podendo ser usada no contexto formal de ensino, enquanto ferramenta de aprendizagem (baseado numa perspectiva construtivista), sendo especialmente eficaz na preparação dos alunos para exames, ajudando “os alunos a organizar o seu conhecimento para uma melhor compreensão e retenção” (ibid, 95).
Segundo Magalhães e Del Rio (2008) a sua elaboração enquadra-se no modelo de educação em que o aluno é o centro da actividade pedagógica e não o professor. Mas, para que façam aprendizagem é essencial serem os alunos a construírem os seus mapas e não os docentes. Estes têm de ser significativos para os alunos e não constituírem mais um conteúdo a ser memorizado. Os alunos devem reflectir sobre o que sabem, bem como sobre a sua falta de compreensão desse assunto e das dificuldades em construir um quadro de conhecimento significativo.
Para além dos aspectos já referidos a sua utilização no ensino favorece ainda o desenvolvimento da auto-estima e auto-confiança e melhora as capacidades sociais.
Para construir redes semânticas na sala de aula é importante: i) fazer um plano para o mapa que vão elaborar; ii) identificar os conceitos importantes nessa área de conteúdo; iii) criar e definir os nós; iv) ligar os nós dos conceitos, a qual deve ser precisa e sucinta; v) continuar a expandir a rede e vi) reflectir acerca do processo vivido.

Para concluir de referir que pode usar-se a elaboração de mapas conceptuais na prática pedagógica enquanto "técnica para partilhar significados" (Magalhães e Del Rio, 2008, pág. 217).

Sitio na Internet onde se pode fazer o download de um dos programas que possibilita a realização de mapas de conceitos:

http://cmap.ihmc.us/conceptmap.html

Bibliografia:


  • Jonassen, D. H. (2000). Computadores, Ferramentas Cognitivas – Desenvolver o pensamento crítico nas escolas. Colecção Ciências da Educação. Século XXI. Porto Editora, 23. Lisboa.
  • Magalhães, G. C. e Del Rio, F. (2008). Mapas Conceptuais Online. In: Carvalho, A. A. (org.). “Manual de Ferramentas da Web 2.0 para professores”. Ministério da Educação. Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.